Bolívia: prazo se encerra e Morales fica fora da corrida presidencial


O período de registro para os candidatos com intenção de concorrer à Presidência da Bolívia na eleição de agosto terminou nessa terça-feira (20), pondo um ponto final na tentativa do ex-presidente Evo Morales de obter um quarto mandato presidencial.
Na semana ada, uma decisão do tribunal constitucional manteve a proibição de que qualquer indivíduo exerça mais de dois mandatos presidenciais, impedindo que Morales, figura carimbada da política boliviana por quase duas décadas, concorra novamente.
Primeiro presidente indígena do país, Morales, que governou de 2006 a 2019 , desafiou sua exclusão do pleito, com grupos de apoiadores organizando protestos e paradas no trânsito.
"A luta não está perdida, vamos travar a batalha legal e social", disse Morales à estação de rádio local Panamericana.
O Movimento ao Socialismo (MAS), de Morales, que dominou a política boliviana e aumentou a representação indígena nos últimos anos, agora se aproxima da eleição de 17 de agosto como uma força política fragmentada, com pelo menos três facções distintas competindo pela Presidência.
Eduardo del Castillo, ministro do Interior até a semana ada, é apoiado pelo presidente em exercício, Luis Arce, que se tornou rival de Morales.
O presidente do Senado, Andronico Rodriguez, registrou candidatura, embora sua participação esteja pendente de uma decisão judicial. Eva Copa, ex-senadora do MAS e atual prefeita de El Alto, registrou-se para concorrer por seu novo partido, conhecido como Morena.
No total, dez candidatos buscarão a Presidência, em uma eleição que ocorrerá em meio a profunda crise econômica e crescente descontentamento popular.
Carlos Saavedra, analista político independente, avalia que um resultado eleitoral claro parece improvável.
"Teremos muita dispersão de eleitores e tenho certeza de que estamos em um contexto em que uma vitória no primeiro turno será impossível para qualquer um. É ainda menos provável que alguém obtenha maioria de dois terços na assembleia legislativa", disse Saavedra.
Segundo o tribunal constitucional da Bolívia, a lista de candidatos ainda pode mudar. As renúncias são possíveis até 45 dias antes da eleição, enquanto as substituições por incapacidade ou impedimento permanente podem ocorrer até três dias antes da eleição.
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